04 julho 2006

Oximórica existência de Álvaro de Campos


Dialética entre o mundo do poeta e o mundo a seu redor na Lisboa revisitada de Pessoa.


“O deserto urbano cobre-se de signos: as pedras dizem algo, o vento diz, a janela iluminada e a árvore solitária na esquina dizem, tudo está dizendo algo, não é isto que digo e sim outra coisa, sempre outra coisa, a mesma coisa que nunca se diz.”
Octavio Paz



Nas sociedades ocidentais contemporâneas, o poeta é cada vez mais um desterrado em seu próprio lugar. Além de nunca ganhar dinheiro suficiente com seu ofício, tendo de exercer outras profissões para sustentar-se; sua obra e sua vida geralmente não são assimiladas (e consumidas e/ou aceitas) pelos seus contemporâneos, que a desconhecem e/ou a recusam por sua alegada inutilidade. Não há ‘nichos de mercado’ para a poesia de poetas vivos, especialmente os mais ‘jovens’ (até 40 anos) – e talvez seja até mais fácil falar em ‘guetos’. O exercício da poesia, em autores de todas as classes, é sempre uma resistência ao que sua comunidade quer lhes impor como padrão de trabalho e de comportamento, enquanto cidadãos comuns e enquanto artistas.


Se tomarmos esta questão em sua materialidade histórica, localizando-a no tempo e no espaço, veremos que o lugar onde essa dialética acontece é a Cidade que habita e é habitada pelo poeta. É através da Cidade que o autor se insere em suas comunidades – universitária, nacional, estadual, regional, artística... – e publica sua obra. E sofre seus ataques, angaria suas simpatias iniciais, pratica sua ideologia artística na política local, engaja-se em correntes de pensamentos e encontros, afasta-se do passado para dentro dele – e recria (no pragmático cotidiano de sonhos à prova de sonhos) sua Cidade, a sociedade a que pertence.

Quando lemos desta forma a condição do poeta na contemporaneidade, estamos tratando de modelos gerais, mitos e estatísticas. Para tornar mais concreta a estrutura expressa acima, retirada do ensaio O Verbo Desencarnado, de Octavio Paz (p. 76), este artigo pretende reler dois poemas de Álvaro de Campos, os Lisbon Revisited de 1923 e de 1926 – para encontrar tal dicotomia poeta/cidade através dessas poesias. Nelas, a dialética entre a imaginação do poeta e a realidade material que o circunda ganha expressão emblemática, tamanho o paradoxo do verbo insurreto de Campos na boca submetida do cidadão Pessoa: oximórica tensão entre poética e política.

Muitos poetas não revelam essa dessintonia em diversas de suas obras: a cidade e a sociedade nem sempre aparecem explicitamente. Em Pessoa, este múltiplo, tal dialética é bem menos perceptível em alguns de seus heterônimos. Em Alberto Caeiro, Ricardo Reis, no próprio Pessoa, e até em grande parte dos poemas de Álvaro de Campos, essa relação com a Lisboa de seu tempo não é tão clara. Fernando Pessoa, cidadão e poeta, como na generalização que abre este texto, foi também atacado quando vivo, visto como estranho, ignorado – e sobreviveu de empregos não relacionados à sua literatura. Em Álvaro de Campos, ele parece responder – dentro da poesia, de maneira muito sutil, cosmopolita e universal – à repulsa a ele dirigida pela provinciana sociedade lisboeta de seu tempo.

Para refletir melhor sobre o assunto, escolhemos dois poemas seus com o mesmo nome: Lisbon Revisited. A escolha se deu por diversos fatores, dentre os principais: pela referência à Lisboa, e a consequentre projeção sentimental do poeta sobre sua comunidade; por se dar em dois momentos distintos de sua história, em 1923 e 1926, apresentando a evolução de sua inadequação, por assim dizer; e pelo próprio título, em inglês, que reflete já a condição estrangeira do poeta revisitante, além de sugerir um olhar crítico sobre o lugar (revisitar = reler).

Leituras

No lugar de passar a limpo verso por verso, um método mais “transversal” de comparação entre os dois poemas. Partindo de duas perspectivas possíveis perante os textos para descobrir contrastes relevantes para este estudo.

Lendo as poesias uma em contraposição à outra, fica clara um diferenciação no nivel sintagmático, quanto ao uso dos números, pessoas e modos verbais – e a coincidência no tempo dos verbos: o presente. No poema de 1923, há uma profusão de orações na terceira pessoa do plural do imperativo: “Não me venham com conclusões! / [...] / Não me tragam estéticas! / Não me falem em moral! / Tirem-me daqui a metafísica! / Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas...”. No poema de 1926, por sua vez, a proeminência é da primeira pessoa do singular do indicativo: “Quero cinqüenta coisas ao mesmo tempo, / Anseio com uma angústia de fome de carne / O que não sei que seja – / [...] / Durmo irrequieto, e vivo num sonhar irrequieto...”. Outro contraste é o uso maior e menor da negação; e a direção do verbo. No primeiro, em todas as ordens o objeto da ação verbal é o pronome pessoal me. No segundo, o pronome pessoal eu é o sujeito (oculto) nas indicações.

Apenas essa constatação, sem nem precisar partir para o conteúdo, já reflete a atitude perante a comunidade, diversa nos dois poemas. No primeiro o poeta ordena à sociedade (a terceira pessoa do plural a quem se dirige o discurso do poema) que não ajam sobre ele, isto é, que não exercem a ação dos verbos sobre o emissor (o pronome pessoal de primeira pessoa – Campos, Pessoa). Num claro exercício de resposta e agressão, o autor despeja suas angústias pela não-identificação com esta Cidade de meio-cegos; e contra a incompreensão despertada na província pela lucidez visionária, e cosmopolita, de suas “cinquenta existências” simultâneas. No segundo, o poeta é mais o sujeito das orações, que seu objeto – e afirma mais que nega a ação de cada verbo que desperta. Neste momento, expõe sua situação, mais que repele as interferências da comunidade em sua vida. Resignado, observa a “emaranhada forma humana corrupta da vida que muge e se aplaude”, para usar a imagem de Mário de Andrade em seu Meditação sobre o Tietê. E apenas registra seu descontentamento insolúvel.

Voltaremos às diferenças apresentadas no último parágrafo, na conclusão deste trabalho. Agora seguimos para a segunda das perspectivas que imaginei para reler os poemas. Esta, no campo semântico: as vezes em que o poeta se dirige à Lisboa – como é construída, com que imagens, com que sentimento acontecem essas declarações, em 1923 e 1926.

Em 1923, a desidentificação de que tratam os dois poemas estava ainda em processo. O autor buscava nas lembranças da infância (“Eterna verdade vazia e perfeita!”), passada em Lisboa – e aqui é onde Campos se torna Pessoa – alguma possível e improvável comunhão com o povo deste lugar. O mesmo céu azul destas recordações, e o “macio Tejo ancestral e mudo, pequena verdade onde o céu se reflete!”, eram o que tinha restado na “Lisboa de outrora de hoje”, a quem o poeta declarava: “Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta”. A constatação desse estranhamento é o cerne do afastamento que Campos demandava de seus contemporâneos; e a revolta, talvez, reflexo de que a conclusão ainda não estava assimilada plenamente pelo autor.

Em 1926, algo se rompera, e já não era possível qualquer comunhão. A infância e o Tejo não lhe pertencem mais: “Outra vez te revejo, / Cidade da minha infância pavorosamente perdida...” e “Outra vez te revejo, / Com o coração mais longínquo, a alma menos minha. // Outra vez te revejo – Lisboa e Tejo e tudo – , / Transeunte inútil de ti e de mim, / Estrangeiro aqui como em toda parte”. O poeta, expatriado em sua pátria, vê-se como um “fantasma a errar em salas de recordações, / Ao ruído dos ratos e das tábuas que rangem / No castelo maldito de ter que viver...” (Podemos ainda cogitar sobre as metáforas: seriam os “ratos” seus adversários?; e as “tábuas que rangem”, a cultura local?; seria o “castelo maldito de ter que viver”, seu cotidiano sem perspectiva de sucesso literário?). A conclusão a que chega é peremptória e finaliza o poema: “Outra vez te revejo, / Mas, ai, a mim não me revejo! / Partiu-se o espelho mágico em que me revia idêntico, / E em cada fragmento fatídico vejo só um bocado de mim – / Um bocado de ti e de mim!...”.

Direções

Duas datas: 1923 e 1926. Dois momentos diferentes do autor – e de sua “inadequação”. Pessoa eleva ao épico sua existência enquanto poeta, em Álvaro de Campos, o homem alienígena na sua sociedade, prodígio – vivendo seu cotidiano maçante, burocrático e comportado mas enlouquecidamente lúcido, visionário, hiperbólico. Essa relação oximórica essencial – a dialética poeta e sociedade – se reflete em sua poesia e através dela é possível reviver dois momentos desta convivência do futurista com a arcaica, passadista e provinciana Lisboa. Pessoa reinventa Portugal, um Portugal que (se) assusta por ser tão universal no uso de suas referências e tão português no sentimento.

Como bem anota Octavio Paz, em seu ensaio O Desconhecido de si mesmo – Fernando Pessoa, comentando o desenrolar dos fatos após a publicação da revista Orpheu (e da geração de poetas portugueses cujo aparecimento se deu em suas páginas):

"O episódio de Orpheu termina na dispersão do grupo e na morte de um de seus guias [Mário de Sá-Carneiro]. Há que esperar quinze anos e uma nova geração. Nada disso é insólito. O assombroso é o aparecimento do grupo, à frente de seu tempo e de sua sociedade. Que se escrevia na Espanha e na América espanhola por esses anos?"

Se a década de 10 foi a do surgimento deste grupo, a década de 20 é tempo de dispersão e resistência da sociedade lisboeta contra os arroubos destes artistas. Mais uma vez, o ensaio de Paz demonstra melhor o momento do poeta antes da feitura do primeiro Lisbon Revisited:

"O período seguinte [à publicação de Orpheu] é de relativa obscuridade. Pessoa publica dois cadernos de poesia inglesa, 35 Sonnets e Antinous, que o Times de Londres e o Glasgow Herald comentam com muita cortesia e pouco entusiasmo. Em 1922 aparece a primeira colaboração de Pessoa em Contemporânea, uma nova revista literária: O Banqueiro Anarquista. Também são desses anos suas veleidades políticas: elogios do nacionalismo e do regime autoritário. A realidade o desengana e obriga-o a desmentir-se: em duas ocasiões enfrenta o poder público, a Igreja e a moral social. A primeira para defender Antônio Boto, autor de Canções, poemas de amor uranista. A segunda contra a “Liga de ação dos estudantes”, que perseguia o pensamento livre com o pretexto de acabar com a chamada “literatura de Sodoma”. César é sempre moralista. Álvaro de Campos distribui uma folha: Aviso por causa da moral; Pessoa publica um manifesto; e o agredido Raul Leal escreve o folheto: Uma lição de moral aos estudantes de Lisboa e um desmascaramento da Igreja Católica. O centro de gravidade deslocou-se da arte livre para a liberdade da arte. A indole de nossa sociedade é tal que o criador está condenado à heterodoxia e à oposição. O artista lúcido não se esquiva a esse risco moral."

As frustrações de seu engajamento, e o enfrentamento do poder público, parecem refletir-se na virulência com que exige isolamento desta sociedade, no poema de 23. O desencanto ainda está se processando no artista, e é necessário expelir o pus das feridas da tentativa desolada de identificação. Após esse momento, a inadequação parece se sedimentar como sua condição em Lisboa. Curioso que logo após o poema de 1926, Pessoa finalmente encontraria interlocutores entre os jovens da geração seguinte à sua. Como bem anota Paz, num momento onde a utopia de viver de sua literatura, e de pertencer a sua pátria, já era uma imagem cansada de sonhos antigos:

"Em 1924, uma nova revista: Atena. Dura apenas cinco números. Nunca as continuações foram boas. Na realidade Atena é uma ponte entre Orpheu e os jovens de Presença (1927). Cada geração escolhe, ao aparecer, sua tradição. O novo grupo descobre Pessoa: por fim encontrou interlocutores. Demasiado tarde... "

Como podemos perceber, comparando os excertos sobre sua carreira com a análise do poema de 1926 nas Leituras desse estudo, a resignação é completa. Lisboa já era, a esse tempo, uma “sombra que passa através de sombras; e brilha / Um momento a uma luz fúnebre desconhecida, / e entra na noite como um rasto de barco se perde / Na água que deixa de se ouvir...”. As palavras de Campos, dirigidas a sua cidade, também serviriam para expressar, através de metáforas, a própria auto-imagem do autor, sombra que passa através de sombras, e brilha com luz fúnebre desconhecida, e se lança no mar noturno da cultura, sem deixar rastos perenes, mas se esvaindo na água que se deixa de ouvir: o esquecimento.

A situação extrema apresentada nos poemas e na vida de Pessoa são um símbolo, um mito encarnado do desterro a que os poetas, em nossa época, parecem todos sofrer – talvez com tanta maior violência quanto mais lúcido for o artista. Num momento histórico onde qualquer utopia é ridicularizada ou administrada pelos meios oficiais e oficiosos da sociedade habitada pelo poeta, vale terminar esse texto com as conclusões e a grande pergunta de Paz, que abrem seu ensaio Os Signos em Rotação:

"A história da poesia moderna é a de um descomedimento. Todos os seus grandes protagonistas, após traçar um signo breve e enigmático, estilhaçaram-se contra o rochedo. [...] Assim, a interrogação sobre as possibilidades de encarnação da poesia não é uma pergunta sobre o poema e sim sobre a história: será uma quimera pensar em uma sociedade que reconcilie o poema e o ato, que seja palavra viva e palavra vivida, criação da comunidade e comunidade criadora?"






Bibliografia


NOGUEIRA, Lucila. Ideologia e Forma Literária em Carlos Drummond de Andrade. Recife: Cia Pacífica, 1997.
PAZ, Octavio. Signos em Rotação. São Paulo: Perspectiva, 1996.
PESSOA, Fernando. Ficções do Interlúdio/4, Poesias de Álvaro de Campos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1983.
POUND, Ezra. ABC da Literatura. São Paulo: Cultrix, 2003.
SANTIAGO, Silviano. Uma literatura nos trópicos. Rio de Janeiro: Rocco, 2001.



Poemas:

LISBON REVISITED (1923)

Não: não quero nada.
Já disse que não quero nada.

Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.

Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!

Tirem-me daqui a metafísica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) –
Das ciências, das artes, da civilização moderna!

Que mal fiz eu aos deuses todos?

Se têm a verdade, guardem-na!

Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.
Fora disso sou doido, com todo direito a sê-lo.
Com todo o direito a sê-lo, ouviram?

Não me macem, por amor de Deus!

Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?

Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho,
Já disse que sou sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja da companhia!

Ó céu azul – o mesmo da minha infância –
Eterna verdade vazia e perfeita!
Ó macio Tejo ancestral e mudo,
Pequena verdade onde o céu se reflete!
Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!
Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.

Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo...
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!



LISBON REVISITED (1926)

Nada me prende a nada.
Quero cinqüenta coisas ao mesmo tempo.
Anseio com uma angústia de fome de carne
O que não sei que seja –
Definidamente pelo indefinido...
Durmo irrequieto, e vivo num sonhar irrequieto
De quem dorme irrequieto, metade a sonhar.

Fecharam-me todas as portas abstratas e necessárias.
Correram cortinas de todas as hipóteses que eu poderia ver na rua.
Não há na travessa achada o número da porta que me deram.

Acordei para a mesma vida para a que tinha adormecido.
Até os meus exércitos sonhados sofreram derrota.
Até os meus sonhos se sentiram falsos ao serem sonhados.
Até a vida só desejada me farta – até essa vida...

Compreendo a intervalos desconexos;
Escrevo por lapsos de cansaço;
E um tédio que é até do tédio arroja-me à praia.

Não sei que destino ou futuro compete à minha angústia sem leme;
Não sei que ilhas do Sul impossível aguardam-me náufrago;
Ou que palmares de literatura me darão ao menos um verso.

Não, não sei isto, nem outra coisa, nem coisa nenhuma...
E, no fundo do meu espírito, onde sonho o que sonhei,
Nos campos últimos da alma, onde memoro sem causa
(E o passado é uma névoa natural de lágrimas falsas),
Nas estradas e atalhos das florestas longínquas
Onde supus o meu ser,
Fogem desmantelados, últimos restos
Da ilusão final,
Os meus exércitos sonhados, derrotados sem ter sido,
As minhas coortes por existir, esfaceladas em Deus.
Outra vez te revejo,
Cidade da minha infância pavorosamente perdida...
Cidade triste e alegre, outra vez sonho aqui...
Eu? Mas sou eu o mesmo que aqui vivi, e aqui voltei,
E aqui tornei a voltar, e a voltar.
E aqui de novo tornei a voltar?

Ou somos, todos os Eu que estive aqui ou estiveram,
Uma série de contas-entes ligadas por um fio-memória,
Uma série de sonhos de mim de alguém de fora de mim?

Outra vez te revejo,
Com o coração mais longínquo, a alma menos minha.

Outra vez te revejo – Lisboa e Tejo e tudo –,
Transeunte inútil de ti e de mim,
Estrangeiro aqui como em toda a parte,
Casual na vida como na alma,
Fantasma a errar em salas de recordações,
Ao ruído dos ratos e das tábuas que rangem
No castelo maldito de ter que viver...

Outra vez te revejo,
Sombra que passa através de sombras; e brilha
Um momento a uma luz fúnebre desconhecida,
E entra na noite como um rasto de barco se perde
Na água que deixa de se ouvir...

Outra vez te revejo,
Mas, ai, a mim não me revejo!
Partiu-se o espelho mágico em que me revia idêntico,
E em cada fragmento fatídico vejo só um bocado de mim –
Um bocado de ti e de mim!...


Free Hit Counters
Free Counter